quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Futsal: Intoxicação Técnica

Futsal: Intoxicação Técnica

A modalidade de futsal por ser tão praticada no Brasil e na sua forma jogada ser de aspectos motores comuns ao futebol vem tendo um crescimento contínuo e vertiginoso de espectadores e investidores, os quais o tornam cada vez mais qualificado quando estes despendem seus recursos financeiros na contratação de profissionais (jogadores e comissão técnica) de maior qualidades e preparação. Percebe-se atualmente, em virtude da dinâmica econômica mundial a volta de atletas brasileiros que trabalhavam no mercado europeu, sabidamente Espanha, Portugal e Itália, migrando para outros mercados em destaque o retornando ao seu país de origem, tornando as competições mais qualificadas, trazendo conhecimento diversos das diversas áreas do desporto coletivo apresentados no mercado europeu.
Ainda que haja um verdadeiro avanço de qualidade dos profissionais envolvidos no processo de treinamento da modalidade, sejam estes jogadores e comissão técnica, é vagaroso e pequeno e o volume de estudos centrados na modalidade de futsal no Brasil que somado a ausência de eventos que possibilitem a troca de conhecimentos acerca das esferas constituintes da modalidade, permanece restrito a um pequeno número de pessoas, dificultando o crescimento qualitativo da modalidade esportiva como visto em países europeus e outras  modalidades. Souza 2002, Barbero 2002, citado por Braz (2006, p. 13) esclarece que “(...) apesar de integrado no conjunto das modalidades que constituem os JDC, o Futsal ainda não possui lugar de destaque na pesquisa científica, ao invés do Futebol, Basquetebol, Andebol, Voleibol.”
Visto, por muitos anos, como futebol de dimensões reduzidas por existir constrangimentos de tempo e espaço, a modalidade adquire por algum tempo um caráter reducionista em todas as suas esferas profissionais, centrando no treinamento com bola, executado pelos treinadores uma exacerbação da execução técnica perfeita na sua práxis e modelação de treino.
O mecanicismo presente nas aulas de educação física, oriunda das escolas militaristas historicamente implantadas no Brasil, forjou profissionais e atletas orientados ao engessamento de sua criatividade e anulação de sua racionalização sobre o jogo e seus intervenientes constantes. A intoxicação técnica no ensino do jogo, como cita BRAZ (2006, p.14) promovida pelos agentes pedagógicos do treino, a falta de intercâmbio de conhecimentos teóricos e práticos, a quase ausência de estudos superiores no Brasil realizados sobre a complexidade da modalidade e o sobre o grande tema Jogos Desportivos Coletivos, fez com que o nível técnico dos atletas no Brasil aumentasse, a qualidade dos jogos decaíssem, e as seleções fossem povoadas por atletas que atuam fora do Brasil devido estarem cotidianamente inseridos em um ambiente de treino complexo e dotado de situações que os tornem capaz de resolver os problemas do jogo.
O selecionador espanhol Lozano Cid, considerado um dos melhores treinadores de futsal do mundo referindo aos jogadores espanhóis cita que “(...) os jogadores espanhóis usam a cabeça durante o tempo todo e raramente apresentam as mesmas soluções – nem que se encontrem em situações similares” e ratifica seu pensamento quando afirma que “ (...) o controlo da bola é importante mas tomar decisões de forma rápida é mais importante”.

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