quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Atenção e Concentração no Esporte Coletivo

Atenção e Concentração no Esporte Coletivo
Daniel Junior

Os processos de atenção e concentração nos esportes são indispensáveis na disputa do esporte de alto rendimento e para atletas que se destacam como experts em suas modalidades esportivas e por conseqüência formando equipes vencedoras. Várias são as situações dentro de uma partida onde o foco de atenção e o nível de concentração se alteram necessitando portanto de treinamento por parte dos conteúdos dos processos de ensino-aprendizagem-treinamento e estudo por parte dos pedagogos do esporte/treinadores.
Samulky (2009, p. 86) conceitua atenção como sendo “(...) um estado seletivo, intensivo e dirigido da pecerpção.” O mesmo autor cita Weinberg & Gould (1999, p. 326) sincroniza os dois aspectos citados quando afirma que “(...) a concentração é a capacidade de manter o foco de atenção sobre os estímulos relevantes ao meio ambiente” Quando o ambiente muda rapidamente, conseqüentemente o foco de atenção precisa ser mudado também.”
A partir das afirmações supracitados é notório a interligação entre atenção e concentração no esporte e sua importância em ambientes de extrema imprevisibilidade onde as informações se alteram a todo instante. Assim inexiste concentração sem atenção e vice-versa. Os estímulos percebidos e a quantidade de informações selecionadas e entendidas como pertinentes para o direcionamento do foco atencional é o que determinará o nível de concentração. Magill (1984)  citado por Monteiro (2011, p.16) conceitua a atenção como
(...) o estudo do estado de alerta que implica preparar-se para a informação sensorial e manter o estado de alerta, e está relacionada à idéia de que nós temos uma capacidade limitada de processar a informação. Cita, ainda, que o desempenho bem sucedido de habilidades motoras requer a capacidade de selecionar e prestar atenção a sinais ou informações significativas oriundos de uma grande variedade de sinais.
Assim como vimos que a percepção é um processo ativo e intencional, mesmo sabendo que inúmeros sinais/informações chegam ao sistema de recepção visual do atleta de forma natural, a escolha e seleção dos sinais pertinentes a qual o orientará na sua ação tática dentro do contexto esportivo é entendida como uma capacidade deliberada do atleta. Este intento de eleição das informações captadas será proporcionada pelo estado de alerta a durante todo o tempo desportivo, possibilitando assim o sucesso de sua performance motora final na solução dos problemas do jogo.  Vilani et.al (2011, p.5) reitera que
(...) o atleta deverá ser capaz em um jogo de detectar e captar os estímulos mais importantes de acordo com as diversas alternativas que a disputa (meio ambiente) oferece. (...) focalizando prioritariamente os estímulos do gesto dos eu oponente, ao passo que caso ele demonstre facilidade na recepção, ele poderá ampliar seu foco de atenção para outros estímulos como posicionamento, deslocamento que o próprio adversário toma antes (...)

Os autores Weinberg & Gould (1999,p.326) citado por Samulsky (2009, p.86) destacam três elementos importantes na definição da concentração:
·         Focalização de estímulos relevantes;
·         Manutenção do nível de atenção durante determinado tempo;
·          Conscientização da situação
Para Schubert (1981) citado na obra do mesmo autor acima entende atenção como “ um estado consciente através do qual uma pessoa dirige processos psíquicos sobre um determinado objeto, uma pessoa ou uma ação” e Konzag (1981) a relaciona com o aspecto da concentração elencando-a em três tipos:
·         Atenção Concentrativa;
·         Atenção Distributiva;
·         Capacidade de Alternação da Atenção.
Nos esportes a classificação acima (concentrativa e distributiva) relaciona-se diretamente com a quantidade estímulos que os atletas precisam direcionar seu foco atencional para a partir destas selecionar e na atuação com demais processos cognitivos e motores atuantes realizar suas ações.  Portanto, a atenção concentrada está relacionada apenas a um objeto ou ação como o arremesso do lance livre no basquetebol; já os esportes coletivos no seu enfrentamento relaciona-se com as características da atenção distributiva onde os atletas necessitam, simultaneamente, estar atentos a inúmeras ações.
A capacidade de alternação de atenção no desporto coletivos em alguns momentos pode ser decisivo para o resultado da partida necessitando do atleta extrema concentração nesses momentos para não perder a intensidade da atenção.







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

VILANI, Luiz Henrique Porto; SAMULSKI, Dietmar Martins; LIMA, Fernando Vitor. Atenção e concentração no tênis de mesa: síntese e recomendações para o treinamento. Disponível em: << www.cbtm.org.br/scripts/arquivos/ArtigoAtenção.pdfSimilares>> Acessado em: 15. Jun. 2011.

SAMULSKI, Dietmar. Psicologia do Esporte: Conceitos e novas perspectivas. Barueri, SP, Manole, 2009.
MONTEIRO, Alessandra. Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Psicologia do Esporte. São Paulo, 2011.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Personalidade, Emoção e Neurociência.

Personalidade, Emoção e Neurociência.

No estudo da psicologia do esporte é notória a presenção de estados emocionais diversos na atividade humana da práxis de jovens atletas e experts nas mais variadas modalidades esportivas. Os comportamentos exteriorizados dos indivíduos em fases pré-competitiva, competitiva e pós competitiva são diversos podendo estes serem positivos ou negativos de acordo com o ambiente envolvido, consequências após o emprego de ações diretas na atividade (sucesso ou fracasso), o confronto das expectativas prévias, etc.
 A neurociência, segundo João de Fernandes Teixeira ( 2005, p.9) em seu ensaio filosófico Filosofia da mente: neurociência, cognição e comportamento revela que tal “(...) é o estudo científico da mente e do seu papel na produção do comportamento inteligente, isto é, comportamento propositado e orientado para um alvo.”
O esporte de alto rendimento, cada vez mais estudado `a luz das ciências do esporte tem no tocante dual de vitória x derrota, o estudo da complexidade do desporto como critério inicial de discussão acerca do resultado final de uma partida. Ainda, de forma mais minuciosa, uma comissão técnica orientada pelo trabalho multidisciplinar, fragmenta o jogo em porções fractais e discorre sobre análises das situções-problemas do jogo sob a luz da complexidade e reducionismo, enxergando assim as esferas táticas, técnicas, emocionais, físicas e os processos cognitivos atuantes no momento da resolução dos problemas.
Sendo o ato tático promovido pelo atleta em atividade, um ato percepto-cognitivo-motor, este é sempre intencional e ativo. Dessa forma, possui objetivos claros a serem atingidos de acordo com o tratamento dos processos cognitivos atuantes, ora, inteligentes, que podem ser alterados por meio das emoções inerentes ao ser humano, como cita Samulsky ( 2009, p.213) “ as emoções exercem duas funções básicas: a função de organizar, orientar e controlar as ações (....) e  a função energética e de ativação.”
A personalidade, formada desde a infância, é tida como um conjunto de características que cada indivíduo traz consigo desde o seu nascimento como um o preenchimento de uma folha em branco na convivências das várias esferas sociais com alguma base genética.
Nos esportes a relação entre personalidade, emoção e neurociência dá-se na possibilidade de alteração do comportamento inteligente “emocionalmente”. É possível por meio do treinamento mental nos esportes, alterar as características peculiares de cada atleta visto que a forma de atuar no ambiente desportivo de depende diretamente de  como o mesmo percebe e entende  o contexto e seu papel,  que como cita Takase (2011, p.06) necessita-se de

(...) uma melhor compreensão do cérebro nas diversas situações de tarefas cognitivas e emocionais, auxiliando os pesquisadores a construir novas alternativas no treinamento/desenvolvimento das habilidades físicas e psicológicas, a fim de melhorar a performance e o equilíbrio mente-corpo das pessoas.
Os psicólogos do esporte e exercício a médio prazo serão influenciados e motivados a introduzir a NCC nos seus trabalhos e disciplinas porque: a) na maioria das modalidades esportivas, a competitividade está sendo decidida cada vez mais pelo lado mental; b) no desenvolvimento físico e psicológico das crianças, o enfoque em neurociências é fundamental na educação e c) na área da saúde, quanto mais cedo introduzirmos o trabalho mental à atividade física, melhores serão os benefícios a longo prazo.


Referências Bibliográficas

TEIXEIRA, João Fernandes de. Filosofia da Mente: neurociência, cognição e comportamento. São Carlos: Claraluz, 2005.

SAMULSKY, Dietmar. Psicologia do Esporte: conceitos e novas perspectivas. Manole: São Paulo, 2009.

TAKASE, Emílio. Neurociência do Esporte e do Exercício. Disponível em: << http://www.educacaocerebral.com/takase.pdf>> Acesso em: 08.dez.2011.