quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Atenção e Concentração no Esporte Coletivo

Atenção e Concentração no Esporte Coletivo
Daniel Junior

Os processos de atenção e concentração nos esportes são indispensáveis na disputa do esporte de alto rendimento e para atletas que se destacam como experts em suas modalidades esportivas e por conseqüência formando equipes vencedoras. Várias são as situações dentro de uma partida onde o foco de atenção e o nível de concentração se alteram necessitando portanto de treinamento por parte dos conteúdos dos processos de ensino-aprendizagem-treinamento e estudo por parte dos pedagogos do esporte/treinadores.
Samulky (2009, p. 86) conceitua atenção como sendo “(...) um estado seletivo, intensivo e dirigido da pecerpção.” O mesmo autor cita Weinberg & Gould (1999, p. 326) sincroniza os dois aspectos citados quando afirma que “(...) a concentração é a capacidade de manter o foco de atenção sobre os estímulos relevantes ao meio ambiente” Quando o ambiente muda rapidamente, conseqüentemente o foco de atenção precisa ser mudado também.”
A partir das afirmações supracitados é notório a interligação entre atenção e concentração no esporte e sua importância em ambientes de extrema imprevisibilidade onde as informações se alteram a todo instante. Assim inexiste concentração sem atenção e vice-versa. Os estímulos percebidos e a quantidade de informações selecionadas e entendidas como pertinentes para o direcionamento do foco atencional é o que determinará o nível de concentração. Magill (1984)  citado por Monteiro (2011, p.16) conceitua a atenção como
(...) o estudo do estado de alerta que implica preparar-se para a informação sensorial e manter o estado de alerta, e está relacionada à idéia de que nós temos uma capacidade limitada de processar a informação. Cita, ainda, que o desempenho bem sucedido de habilidades motoras requer a capacidade de selecionar e prestar atenção a sinais ou informações significativas oriundos de uma grande variedade de sinais.
Assim como vimos que a percepção é um processo ativo e intencional, mesmo sabendo que inúmeros sinais/informações chegam ao sistema de recepção visual do atleta de forma natural, a escolha e seleção dos sinais pertinentes a qual o orientará na sua ação tática dentro do contexto esportivo é entendida como uma capacidade deliberada do atleta. Este intento de eleição das informações captadas será proporcionada pelo estado de alerta a durante todo o tempo desportivo, possibilitando assim o sucesso de sua performance motora final na solução dos problemas do jogo.  Vilani et.al (2011, p.5) reitera que
(...) o atleta deverá ser capaz em um jogo de detectar e captar os estímulos mais importantes de acordo com as diversas alternativas que a disputa (meio ambiente) oferece. (...) focalizando prioritariamente os estímulos do gesto dos eu oponente, ao passo que caso ele demonstre facilidade na recepção, ele poderá ampliar seu foco de atenção para outros estímulos como posicionamento, deslocamento que o próprio adversário toma antes (...)

Os autores Weinberg & Gould (1999,p.326) citado por Samulsky (2009, p.86) destacam três elementos importantes na definição da concentração:
·         Focalização de estímulos relevantes;
·         Manutenção do nível de atenção durante determinado tempo;
·          Conscientização da situação
Para Schubert (1981) citado na obra do mesmo autor acima entende atenção como “ um estado consciente através do qual uma pessoa dirige processos psíquicos sobre um determinado objeto, uma pessoa ou uma ação” e Konzag (1981) a relaciona com o aspecto da concentração elencando-a em três tipos:
·         Atenção Concentrativa;
·         Atenção Distributiva;
·         Capacidade de Alternação da Atenção.
Nos esportes a classificação acima (concentrativa e distributiva) relaciona-se diretamente com a quantidade estímulos que os atletas precisam direcionar seu foco atencional para a partir destas selecionar e na atuação com demais processos cognitivos e motores atuantes realizar suas ações.  Portanto, a atenção concentrada está relacionada apenas a um objeto ou ação como o arremesso do lance livre no basquetebol; já os esportes coletivos no seu enfrentamento relaciona-se com as características da atenção distributiva onde os atletas necessitam, simultaneamente, estar atentos a inúmeras ações.
A capacidade de alternação de atenção no desporto coletivos em alguns momentos pode ser decisivo para o resultado da partida necessitando do atleta extrema concentração nesses momentos para não perder a intensidade da atenção.







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

VILANI, Luiz Henrique Porto; SAMULSKI, Dietmar Martins; LIMA, Fernando Vitor. Atenção e concentração no tênis de mesa: síntese e recomendações para o treinamento. Disponível em: << www.cbtm.org.br/scripts/arquivos/ArtigoAtenção.pdfSimilares>> Acessado em: 15. Jun. 2011.

SAMULSKI, Dietmar. Psicologia do Esporte: Conceitos e novas perspectivas. Barueri, SP, Manole, 2009.
MONTEIRO, Alessandra. Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Psicologia do Esporte. São Paulo, 2011.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Personalidade, Emoção e Neurociência.

Personalidade, Emoção e Neurociência.

No estudo da psicologia do esporte é notória a presenção de estados emocionais diversos na atividade humana da práxis de jovens atletas e experts nas mais variadas modalidades esportivas. Os comportamentos exteriorizados dos indivíduos em fases pré-competitiva, competitiva e pós competitiva são diversos podendo estes serem positivos ou negativos de acordo com o ambiente envolvido, consequências após o emprego de ações diretas na atividade (sucesso ou fracasso), o confronto das expectativas prévias, etc.
 A neurociência, segundo João de Fernandes Teixeira ( 2005, p.9) em seu ensaio filosófico Filosofia da mente: neurociência, cognição e comportamento revela que tal “(...) é o estudo científico da mente e do seu papel na produção do comportamento inteligente, isto é, comportamento propositado e orientado para um alvo.”
O esporte de alto rendimento, cada vez mais estudado `a luz das ciências do esporte tem no tocante dual de vitória x derrota, o estudo da complexidade do desporto como critério inicial de discussão acerca do resultado final de uma partida. Ainda, de forma mais minuciosa, uma comissão técnica orientada pelo trabalho multidisciplinar, fragmenta o jogo em porções fractais e discorre sobre análises das situções-problemas do jogo sob a luz da complexidade e reducionismo, enxergando assim as esferas táticas, técnicas, emocionais, físicas e os processos cognitivos atuantes no momento da resolução dos problemas.
Sendo o ato tático promovido pelo atleta em atividade, um ato percepto-cognitivo-motor, este é sempre intencional e ativo. Dessa forma, possui objetivos claros a serem atingidos de acordo com o tratamento dos processos cognitivos atuantes, ora, inteligentes, que podem ser alterados por meio das emoções inerentes ao ser humano, como cita Samulsky ( 2009, p.213) “ as emoções exercem duas funções básicas: a função de organizar, orientar e controlar as ações (....) e  a função energética e de ativação.”
A personalidade, formada desde a infância, é tida como um conjunto de características que cada indivíduo traz consigo desde o seu nascimento como um o preenchimento de uma folha em branco na convivências das várias esferas sociais com alguma base genética.
Nos esportes a relação entre personalidade, emoção e neurociência dá-se na possibilidade de alteração do comportamento inteligente “emocionalmente”. É possível por meio do treinamento mental nos esportes, alterar as características peculiares de cada atleta visto que a forma de atuar no ambiente desportivo de depende diretamente de  como o mesmo percebe e entende  o contexto e seu papel,  que como cita Takase (2011, p.06) necessita-se de

(...) uma melhor compreensão do cérebro nas diversas situações de tarefas cognitivas e emocionais, auxiliando os pesquisadores a construir novas alternativas no treinamento/desenvolvimento das habilidades físicas e psicológicas, a fim de melhorar a performance e o equilíbrio mente-corpo das pessoas.
Os psicólogos do esporte e exercício a médio prazo serão influenciados e motivados a introduzir a NCC nos seus trabalhos e disciplinas porque: a) na maioria das modalidades esportivas, a competitividade está sendo decidida cada vez mais pelo lado mental; b) no desenvolvimento físico e psicológico das crianças, o enfoque em neurociências é fundamental na educação e c) na área da saúde, quanto mais cedo introduzirmos o trabalho mental à atividade física, melhores serão os benefícios a longo prazo.


Referências Bibliográficas

TEIXEIRA, João Fernandes de. Filosofia da Mente: neurociência, cognição e comportamento. São Carlos: Claraluz, 2005.

SAMULSKY, Dietmar. Psicologia do Esporte: conceitos e novas perspectivas. Manole: São Paulo, 2009.

TAKASE, Emílio. Neurociência do Esporte e do Exercício. Disponível em: << http://www.educacaocerebral.com/takase.pdf>> Acesso em: 08.dez.2011.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Coaching no Esporte: ferramenta gerencial aplicada ao Esporte.


Coaching no Esporte: ferramentas gerenciais aplicadas ao Esporte no auxílio ao desenvolvimento pessoal e profissional de atletas.

Em tempos de extrema competitividade tanto no mundo dos negócios quanto em outras áreas da sociedade, ferramentas aplicadas ao mundo gerencial estão sendo importadas para grupos esportivos com o objetivo de gerenciar pessoas afim de que alcancem a máxima performance possível no maior período de tempo gerando assim vantagens competitivas para si e para a equipe a qual pertence.
De acordo com a especialista em Recursos Humanos Ane Araújo “ Coaching é mais do que treinamento, o coach (líder) permanece com a pessoa até o momento em que ela atingir o resultado. É dar poder para que a pessoa produza, para que suas intenções se transformem em ações que, por sua vez, se traduzam em resultados.
O trabalho de um coach,. Segmento da psicologia e por sua da psicologia esportiva traz a uma comissão técnica desportiva, mas uma área que se integra e complementa o trabalho de treinadores, preparadores físicos, fisiologistas, fisioterapeutas, supervisores, psicólogos e  outros que venham a participar do planejamento da equipe na temporada desportiva.
O coach, termo inglês, que significa treinador, vem do mundo dos esportes. Muito aplicados nos mundos negócios as ferramentas de desenvolvimento pessoal e profissional (coaching) de atletas e comissão técnica envolve segundo Gustavo D’Avila “(...) um profissional com formação sólida, utilizando técnicas e ferramentas testadas e aprovadas para promover e sustentar mudanças positivas, visando ampliar a performance humana, seja em sua carreira ou em sua vida pessoal”. A tabela abaixo demonstra benefícios para atletas, técnicos, líderes e negócios:


Tabela 1: Benefícios do Coaching nos Esportes

Atletas
Técnicos e Líderes
Negócios
Aumento da Performance
Melhorar o relacionamento interpessoal
Estabelece uma atmosfera de confiança
Controle Emocional
Aumenta relação de confiança
Alinhamento em todos os níveis estratégicos, conforme missão, visão e valores
Concentração
Agrega novas competências de liderança
Fortalece o pilar da comunicação
Aprendizado e melhoria Contínua
Autoconsciência
Avaliação dos processos empresariais
Capacidade de recuperação
Autodisciplina
Promove avaliação e medição
Relacionamentos de Excelência
Motivação
Define claramente futuro desejado, entendendo o core business

Empatia


Habilidade Social


Fonte: Gustavo D’Avila


Em equipes de estrutura de pessoas enxuta, cabe ao treinador, o coach embrionário, o gerenciamento de sua equipe, mas nobre arte da gerencia de pessoas dentro de uma organização complexa, instável e quase que sempre atuando sobre pressão de variadas fontes – sociais, familiares, direção, companheiros, torcedores.

Segundo Bruno Camarão “ é necessário conhecer o ser humano que atinge as metas. Nós não conduzimos a meta por si só, mas gerência das pessoas que as atingem. Quanto mais confiante, apto e predisposto ele estiver, melhor o rendimento. E isso vale para todo ambiente, inclusive o futebol”.

Em uma pesquisa realizada no mundo dos negócios funcionários listaram o que desejavam no cotidiano de sua atividade profissional. Segundo Bruno Camarão “(...) aparecia “ser reconhecido”, seguido de “atitude compreensiva” e de “sentir-se participativo”. Esses três itens eram os últimos na linha de avaliação dos gerentes.”
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ARAUJO, Ane. Coaching: um compromisso com resultados e realização. Disponível em <http://www.guiarh.com.br/PAGINA22D.htm> Acesso em: 28. Nov.2011.
CAMARÃO, Bruno. José Luiz Tavares, coach desportivo: Educador físico com especialidade em Psicologia do Esporte fala sobre função e o trabalho no Figueirense. Disponível em: << http://www.universidadedofutebol.com.br/Imprimir.aspx?id=10808&type=6>> Acessado em: 27. Nov. 2011.
D’AVILA, Gustavo. Coaching e esporte: uma parceria de sucesso: A importância e os avanços que o conceito de coaching esportivo podem realizar para a profissionalização do desporto.Disponível em: << http://www.universidadedofutebol.com.br/Artigos/2011/03/1,14972,COACHING+E+ESPORTE+UMA+PARCERIA+DE+SUCESSO.aspx?p=4>>




quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Futsal: Intoxicação Técnica

Futsal: Intoxicação Técnica

A modalidade de futsal por ser tão praticada no Brasil e na sua forma jogada ser de aspectos motores comuns ao futebol vem tendo um crescimento contínuo e vertiginoso de espectadores e investidores, os quais o tornam cada vez mais qualificado quando estes despendem seus recursos financeiros na contratação de profissionais (jogadores e comissão técnica) de maior qualidades e preparação. Percebe-se atualmente, em virtude da dinâmica econômica mundial a volta de atletas brasileiros que trabalhavam no mercado europeu, sabidamente Espanha, Portugal e Itália, migrando para outros mercados em destaque o retornando ao seu país de origem, tornando as competições mais qualificadas, trazendo conhecimento diversos das diversas áreas do desporto coletivo apresentados no mercado europeu.
Ainda que haja um verdadeiro avanço de qualidade dos profissionais envolvidos no processo de treinamento da modalidade, sejam estes jogadores e comissão técnica, é vagaroso e pequeno e o volume de estudos centrados na modalidade de futsal no Brasil que somado a ausência de eventos que possibilitem a troca de conhecimentos acerca das esferas constituintes da modalidade, permanece restrito a um pequeno número de pessoas, dificultando o crescimento qualitativo da modalidade esportiva como visto em países europeus e outras  modalidades. Souza 2002, Barbero 2002, citado por Braz (2006, p. 13) esclarece que “(...) apesar de integrado no conjunto das modalidades que constituem os JDC, o Futsal ainda não possui lugar de destaque na pesquisa científica, ao invés do Futebol, Basquetebol, Andebol, Voleibol.”
Visto, por muitos anos, como futebol de dimensões reduzidas por existir constrangimentos de tempo e espaço, a modalidade adquire por algum tempo um caráter reducionista em todas as suas esferas profissionais, centrando no treinamento com bola, executado pelos treinadores uma exacerbação da execução técnica perfeita na sua práxis e modelação de treino.
O mecanicismo presente nas aulas de educação física, oriunda das escolas militaristas historicamente implantadas no Brasil, forjou profissionais e atletas orientados ao engessamento de sua criatividade e anulação de sua racionalização sobre o jogo e seus intervenientes constantes. A intoxicação técnica no ensino do jogo, como cita BRAZ (2006, p.14) promovida pelos agentes pedagógicos do treino, a falta de intercâmbio de conhecimentos teóricos e práticos, a quase ausência de estudos superiores no Brasil realizados sobre a complexidade da modalidade e o sobre o grande tema Jogos Desportivos Coletivos, fez com que o nível técnico dos atletas no Brasil aumentasse, a qualidade dos jogos decaíssem, e as seleções fossem povoadas por atletas que atuam fora do Brasil devido estarem cotidianamente inseridos em um ambiente de treino complexo e dotado de situações que os tornem capaz de resolver os problemas do jogo.
O selecionador espanhol Lozano Cid, considerado um dos melhores treinadores de futsal do mundo referindo aos jogadores espanhóis cita que “(...) os jogadores espanhóis usam a cabeça durante o tempo todo e raramente apresentam as mesmas soluções – nem que se encontrem em situações similares” e ratifica seu pensamento quando afirma que “ (...) o controlo da bola é importante mas tomar decisões de forma rápida é mais importante”.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Behaviorismo e Esporte

Behaviorismo e Esporte


No cotidiano do treinamento desportivo há muito tempo vê-se um direcionamento das atividades da práxis pedagógica alinhadas ao dualismo estímulo-resposta proposta por Skinner e sua teoria Behaviorista no escopo de moldar comportamentos táticos definidos pelo treinador.
O ato pedagógico cotidiano na busca do desenvolvimento de padrões de comportamento coletivo, o modelo de jogo do treinador, por muitos anos foi influenciado pela forma destes conceber o Ser Humano e a Educação Física como ciência pautada no mecanicismo e absorção de conceitos sociais logo transmitidos a atletas por meio de uma tênue película que separaria o modus vivendi esportivo e a sociedade servil histórica.
Ao conceber o Ser Humano, neste caso o atleta, como sendo incapaz de pensar sobre sua existência, um ser a-histórico em suas vivências esportivas desprezando sua capacidade de conhecimentos (declarativos e procedimentais) adquiridos em suas trajetórias, uma relação interpessoal centrada na subserviência colonial de nossa cultura social, um sujeito ausente de linguagem e manifestação, enfim um reprodutor de mecanismos impostos como únicos verdadeiros, a utilização da modelagem do comportamento por meio de utilização de técnicas de reforço e punições adéqua-se a este cenário.
A Educação Física, ciência a qual abarca o esporte, por muitas décadas centrou-se em conceitos militares para educação do corpo destituído de qualquer ligação com mente, portanto preocupar-se apenas com o corpo era o cerne do desenvolvimento humano.
A necessidade de treinadores ter o domínio completo do comportamento coletivo dos atletas (visto aqui como a soma dos comportamentos individuais) dentro de seus ambientes desportivos (quadras, ginásios, piscinas, etc...) principalmente em desportivos coletivos remete a estes a aplicação do modelos Behaviorista como único verdadeiro em suas ações práticas cotidianas.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

A Psicologia Humanista de Carl Rogres - ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA (ATLETA)

O MODELO DE TRABALHO COM GRUPOS NA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA (Atleta)*

Afonso H Lisboa da Fonseca, psicólogo

            A Abordagem Centrada na Pessoa desenvolve-se, em grande parte, sob os influxos da Psicologia Organísmica desenvolvida por Kurt Goldstein.
Além de inspirar-se no Holismo original de Smuts, Goldstein desenvolveu suas concepções organísmicas a partir das teorias dos psicólogos da Escola da Gestalt, que, por seu turno, buscavam, com suas teorias, a constituição de uma psicologia a partir das perspectivas da fenomenologia.
Goldstein tentava superar as fragmentações, na concepção do ser humano, da psicologia e filosofia de raiz cartesiana -- em particular a clássica dicotomia corpo-mente, e a divisão do funcionamento psíquico em funções mentais individualizadas. Buscava superar igualmente a perspectiva de psicologias que assumiam o ponto de vista de modelos negativistas de concepção da natureza humana. Tentava, desta forma, o desenvolvimento de uma psicologia que pudesse integrar as implicações do conhecimento oriundo de seus próprios achados em pesquisa neurológica, na qual era renomado pesquisador.
Goldstein valorizava fundamentalmente a importância do funcionamento da totalidade do organismo, como articulação integrada e dinâmica de suas várias dimensões. Vinculava-se, desta forma, aos princípios da teoria da Psicologia da Gestalt, que tinham como uma de suas perspectivas fundamentais as idéias de valorização da constituição e organização integrada das totalidades significativas, como algo distinto da simples soma de suas partes, como perspectiva fundamental de compreensão dos fenômenos e do funcionamento do psiquismo e do organismo humano.
Como fenomenólogo, interessava a Goldstein o estudo da consciência, dos processos de sua constituição e organização.
Passou a valorizar em suas concepções, a partir de suas pesquisas, uma concepção do ser humano como um conjunto de potencialidades, e a capacidade de autoregulação organísmica desta totalidade integrada e dinâmica do organismo, da mesma forma que a sua capacidade de auto-atualização de suas potencialidades. Capacidades que ele observara exaustivamente em seus estudos de pacientes com lesões neurológicas.
O ser humano passou a ser compreendido por ele não a partir de um perspectiva patológica, mas a partir da perspectiva de suas potencialidades, que incluía as potencialidades de sua saúde, esta sua capacidade de auto-regulação e auto-atualização.
É esta perspectiva fenomenológica e sistêmica, de auto-regulação e auto-atualização organísmicas que vai dar forma a sua concepção de organismo, como totalidade bio-psíquica integrada, que só pode ser vivida, compreendida e concebida como tal, sendo conceitualmente aniquilada quando analisada de um modo fragmentário.
A Psicologia Organísmica de Kurt Goldstein vai se fundamentar, portanto, nesta concepção de organismo, no que lhe ensinavam a psicologia fenomenológica da Teoria da Gestalt e as suas pesquisas neurológicas sobre este organismo: a força de suas potencialidades, e a sua incrível capacidade de autoregulação e de auto-atualização de suas potencialidades.

É a Psicologia Organísmica de Kurt Goldstein e as suas concepções que vão exercer uma poderosa influência na constituição da Psicologia Humanista Norte Americana. Em particular sobre os trabalhos de profissionais como Abrahan Maslow, Andras Angyal, Rollo May, Fritz Perls... e Carl Rogers, juntamente com a influência de psicoterapeutas existencialistas europeus, como Binswanger, e juntamente com a forte influência do pragmatismo Norte Americano.
A ACP surge, assim -- como psicoterapia centrada no cliente --, sob a poderosa influência produtiva desta Psicologia Fenomenológica Organísmica e de seus conceitos, da qual vai adotar concepções como as de experiência organísmica, auto-regulação, auto-atualização, a ênfase fenomenológica na consciência, etc.
A ACP desenvolve-se e constitui-se progressivamente, a partir da psicoterapia, como uma abordagem de trabalho com grupos, como uma abordagem da pedagogia, da psicologia organizacional, da exploração e resolução de conflitos, e de aplicação em várias áreas das relações humanas. Guarda sempre, apesar de outros desenvolvimentos teóricos, o núcleo de concepções e perspectivas organísmicas. Desenvolve, a partir destas, várias de suas mais importantes formulações teóricas, como a de tendência atualizante ou de condições terapêuticas ou de facilitação.
O desenvolvimento de vários modelos de trabalho com grupos nos EUA do pós-guerra, tanto dentro da psicoterapia como fora de seu âmbito, levou a terapia/abordagem centrada a desenvolver também o seu modelo de trabalho com grupos.
Inicialmente, este modelo visava, a aplicação em uma situação grupal das mesmas condições terapêuticas/de facilitação formuladas para a relação diádica.
Cedo esta formulação da proposta revela os seus limites, diante da constatação prática do fato de que a situação grupal constitui-se como uma situação inteiramente diferente da situação da relação diádica, e que, aí, ainda que importantes, as condições terapêuticas/de facilitação, formuladas para a situação diádica, não teriam a mesma importância e função. Era necessário considerar o novo contexto, grupal, e a formulação de novas perspectivas e concepções a ele relativas na formulação da proposta.
Neste processo, a Terapia Centrada no Cliente/ACP sofre a influência de, e por sua vez influencia a, várias outras correntes de trabalho com grupos, como a Dinâmica de Grupo e a Gestalterapia, e tem uma intensa e produtiva participação na explosão de trabalhos com grupos que se desenvolve nos EUA e pelo mundo afora, nos anos Sessenta.
Os Grupos de Encontro da ACP são uma destacada modalidade de grupo no desenvolvimento deste processo, que marca uma revolução no âmbito do trato das relações humanas nos EUA.
O grupo de encontro, não obstante, estava ainda muito voltado para a perspectiva de um esforço de explicitação das condições terapêuticas, desenvolvidas para a terapia dita individual, no contexto grupal. De um esforço de criação de condições e de estímulo à expressividade de sentimentos dos participantes. Os participantes eram concebidos de uma forma um tanto individualizada e fragmentária, sem uma consideração mais profunda por sua articulação coletiva e pelo grupo como totalidade processual. O facilitador via-se muito, ainda, como um programador de atividades que estimulassem a expressividade dos participantes.
O decurso dos Anos Sessenta, com sua aguda ênfase existencialista e fenomenológica no âmbito das relações sociais, os próprios desdobramentos da ACP e dos Grupos de Encontro, suas relações com outras abordagens fenomenológico existenciais, no palpitante âmbito da Psicologia e Psicoterapia Norte Americanas daquele momento, levam o modelo de trabalho com grupos a certos desenvolvimentos.
De um modo geral, estes desenvolvimentos disseram respeito a um aprofundamento e a uma radicalização dos fundamentos fenomenológico-existenciais organísmicos na concepção do grupo, de seus processos e de seus efeitos; na concepção da participação e do participante, na auto-concepção do facilitador e da facilitação.
A partir de 1974, estes desenvolvimentos vão configurar-se na constituição de um modelo de trabalho com grupos que vai além das formulações originais dos grupos de encontro. Modelo que mergulha profundamente, como dissemos, nos fundamentos fenomenológico-existenciais organísmicos da Psicologia Humanista e da ACP, ampliando suas perspectivas.
Este modelo constitui-se naturalmente como desdobramento da proposta e da prática intensiva dos Grupos de Encontro, como um desdobramento do produtivo e agitado meio da Psicologia Humanista nos anos cinquenta e sessenta, e como uma solicitação daquele intenso e turbilhonante momento daqueles anos da cultura da Humanidade.
Há uma progressiva acentuação -- conceitualmente fundamentada na concepção da Tendência Atualizante -- de uma confiança nos potenciais de auto-regulação e auto-atualização, não só das pessoas no grupo, como do próprio grupo, como totalidades organísmicas integradas e dinâmicas, auto-reguláveis organismicamente, e auto-atualizantes. Uma valorização, assim, da afirmação da espontaneidade do devir da experiência dos participantes, e do coletivo grupal, a partir de suas atualidades existenciais, motivações e interesses, no contexto imediato da vivência do encontro grupal.[1]
Há uma valorização da afirmação da espontaneidade dos processos grupais, subgrupais, interpessoais, pessoais; intrapsíquicos e relacionais; que desencadeiam-se, espontaneamente, a partir do encontro dos participantes no contexto da realidade grupal. Há uma valorização do funcionamento organísmico, auto-regulável e auto-atualizante, da totalidade do processo grupal.
O facilitador, agora, interessa-se pela relação e comunicação, considerativa e compreensiva, com o participante individual no contexto grupal, mas interessa-se, também, pelo funcionamento do coletivo grupal, e pela particip-ação dele próprio neste funcionamento.
Tem consciência de que a relação do participante individual com outros membros do grupo, com sub-sistemas do grupo ou com o coletivo grupal, de um modo imediato, possui uma inestimável riqueza natural, e um fantástico potencial natural de criação e de estímulo a seu devir existencial e processos de transformação.
Mais do que uma interação inter-individual obrigatória e necessária com cada participante individual (interessante, eventualmente), mais do que a participação do participante individual em atividades ou segundo modelos por ele pré-concebidos, interessa ao facilitador a vivência participativa e fenomeno existencial do participante na constituição e desdobramentos da realidade do(s) processos grupal(is).
Ao facilitador não interessa programar ou  liderar o grupo, mas privilegiar a espontaneidade dialógica do encontro espontâneo dos participantes, no processo de constituição e dedobramento espontâneos do próprio grupo.
Isto não significa uma atitude de laissez-faire: há um agudo sentido de respeito aos limites naturais do(s) outro(s) e do coletivo grupal. Igualmente não significa que o facilitador assuma ou preconize uma atitude espontaneísta. O facilitador assume e respeita na alteridade dos participantes o vigor de uma atitude ativa. Mas uma atitude ativa fundamentada não em esquemas teóricos, conceituais ou reflexivos abstratos, mas na pontualidade fenomenal de sua própria vivência no processo de constituição e desdobramento da realidade grupal.
Os praticantes da ACP aprenderam imensamente com a prática deste modelo de trabalho com grupos.
Logo, logo, as modalidades de grupos ultrapassaram as definições e limites dos Grupos de Encontro. De pequenos grupos, com algumas horas de duração, os grupos foram sendo experimentados em tamanhos cada vez maiores no número de participantes. O tempo de duração intensiva do grupo também foi aumentando, de modo que o grupo poderia durar um dia inteiro, um final de semana inteiro, cinco dias, dez, quinze dias de vivência de grupo residencial.
No Brasil, realizaram-se grupos experimentais com cem, duzentos, quatrocentos, quinhentos participantes. Nos EUA, um grupo experimental de final de semana na Universidade de Princeton, contou com a participação de duas mil pessoas.
O resultado foi uma profunda revolução na ACP (que passou então a receber esta designação). Todas as suas áreas de aplicação foram conceitual e praticamente beneficiadas. E, a partir de um certo momento, o próprio desenvolvimento institucional da abordagem passou a ser influenciado por este modelo de trabalho com grupos, um vez que importantes encontros da abordagem passaram a ser por ele geridos.*
No modelo de trabalho com grupos da ACP, o grupo é entendido como dotado de um potencial holístico organísmico que envolve as capacidades, necessidades e sentidos de cada um e do conjunto de seus participantes, a partir das motivações, interesses e excitações de suas atualidades existenciais. Como sistema psico-sócio-cultural humano, o grupo é dotado não só destas potencialidades, como também de uma capacidade de auto-regulação e auto-atualização destas potencialidades, da mesma forma que as pessoas possuem seus mecanismos de auto-regulação e auto-atualização organísmicas.
De modo que interessa ao modelo de trabalho com grupos da ACP a criação de condições para uma valorização da afirmação e da expressividade da experiência de cada pessoa, no contexto da realidade grupal. A partir das motivações, necessidades, capacidades e sentidos de sua própria atualidade existencial.
Interessa criar condições para o cultivo e desenvolvimento do processo grupal que se desenvolve a partir do encontro imediato das pessoas, e de seus sub-sistemas, e a partir da afirmação e expressividade, automotivadas, de sua atualidade existencial, no contexto da realidade grupal. É a interação natural, a partir da afirmação e expressividade da atualidade existencial dos participantes, de seus sub-sistemas, e do próprio grupo como sistema global, a partir de seus próprios interesses e motivações, que constitui a “matéria prima” do processo grupal, e que interessa cultivar e desenvolver.
O facilitador deixa de conceber-se a si próprio como terapeuta, professor, etc., como um tipo de administrador do grupo, e passa a valorizar uma disponibilização de si próprio para a vivência participativa no processo de emergência e configuração da realidade grupal particular que se desenvolve a partir do encontro entre pessoas particulares, em momentos particulares de suas vidas, num tempo e local particulares: os do acontecimento do processo grupal em seu devir próprio e particular[2].
O facilitador sabe e assume que tem uma função e poder institucionais diferenciados no contexto particular da realidade grupal. O que caracteriza a sua proposta, não é que ele não disponha deste poder e condição particulares no contexto da realidade grupal, ou que ele divida ou compartilhe este poder e condição. É, antes, o fato de que ele tem uma proposta diferenciada de exercício deste poder e condição institucionais.
A ele interessa investir este poder e condição institucionais na proposta de um processo de grupo que se constitua descentralizadamente, a partir da participação espontânea da(s) perspectiva(s) de cada um dos membros do grupo, dos subgrupos, e a partir da constituição espontânea do processo grupal.
O processo que decorre da operacionalização desta proposta de funcionamento grupal é frequentemente desconcertante, caótico, em particular nos seus primórdios. Mas é um processo sempre rico, intenso e estimulante. Um processo capaz de potencializar intensamente a criatividade do coletivo grupal e do participante individual, no enfrentamento, afrontamento e transformação de suas questões e condições existenciais.
Caótico e desconcertante, em seus primórdios, o processo grupal tende a desenvolver incríveis formas de ordem orgânica e dinâmica. Wood[3] frequentemente compara-o ao desenvolvimento da peformance de um orquestra, inicialmente caótico, desencontrado, desafinado, mas sempre entusiasmado e excitado, ganhando uma ordem orgânica artística, à medida em que é vivenciado em suas intensidades próprias.
Uma situação grupal que se permite fundamentar-se nos potenciais de auto-regulação dos participantes individuais, e do coletivo grupal, permite aos seus participantes uma progressiva, e progressivamente mais ampla, aproximação -- e regulação a partir -- dos potenciais de auto-regulação e auto-atualização de sua experiência organísmica, individual e coletiva. Assim como uma concentração e acentuação da vivência de suas questões existenciais significativas, que emergem no fluxo de sua vivência grupal. As tensões a elas relativas podem então ser vivenciadas em suas intensidades próprias, em um contexto experimental e absolutamente real, que lhe permite, tanto a nível interacional como subjetivo, pessoal e coletivo, a experienciação/experimentação, a afirmação, dos processos de seus devires.
Na verdade, como observa O’Hara[4], este modelo de trabalho com grupos utiliza-se apenas de uma antiquíssima forma de reunir-se dos grupos humanos. Uma forma em que se permite uma entrega das pessoas e do seu coletivo à socialidade de base, ao coletivo dionisíco, que subjaz ao funcionamento explícito de toda a sociedade humana, que confere-lhe vitalidade e poder de regeneração individual e coletivo[5].

O modelo de trabalho com grupos da ACP tem sido amplamente adaptado e utilizado, desde os seus primórdios, dentro do contexto da terapia, e nos mais diversos contextos, tais como o da educação, do trabalho comunitário, organizações, grupos interculturais, exploração e resolução de conflitos e outros. Sabe-se que desde os encontros iniciais do processo de paz no Oriente Médio, os negociadores utilizam sessões de negociação que em muito lembram os grupos vivenciais. E, como observamos, os próprios encontros de profissionais que adotam a ACP são frequentemente geridos segundo este modelo. De modo que, mesmo tendo percorrido já um longo caminho em suas aplicações, o modelo de trabalho com grupos da ACP está longe de esgotar as suas possibilidades, demandando um compreensão de seus fundamentos fenomenológico existenciais organísmicos, e a ousadia pragmática da experimentação e do intercâmbio de nossa aprendizagem, para que possa ser utilizados em suas potencialidades próprias, e desenvolvido em sua proposta e aplicações.

 * Título adaptado para o contexto esportivo
BIBLIOGRAFIA
·FONSECA, Afonso H. L., GRUPO, FUGACIDADE, RITMO E         FORMA. Processo de Grupo e Facilitação na Psicologia             Humanista, São Paulo, Summus Editorial, 1988.
·MAFFESOLI, Michel, A CONQUISTA DO PRESENTE, Rio,           Rocco, 1984.
·                                             A SOMBRA DE DIONÍSIO, Graal, Rio,   1985.
·ROGERS, Carl, GRUPOS DE ENCONTRO, São Paulo, Martins    Fontes, 1970.
·                            UM JEITO DE SER, São Paulo, EDUSP, 1983.
·ROGERS, Carl e Outros EM BUSCA DE VIDA. Da Terapia           Centrada no Cliente à Abordagem Centrada na Pessoa, São Paulo,            Summus Editorial, 1983.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Desenvolvimento da Tomada de Decisão nos Jogos Desportivos Coletivo: O Futsal
 

O estudo dos esportes em seu amplo domínio mostra a multiplicidade de formas de jogar com regras próprias, conceitos inerentes a cada uma delas e características que as assemelham e as distinguem em grupos diversos.
Os Jogos Desportivos Coletivos (JDC) caracterizam-se segundo Teodorescu (2003) citado por Hermes Ferreira Balbino por:

·         Existência de um objeto de jogo (bola, bola oval, disco do hóquei sobre o gelo);
·         Disputa complexa, individual e coletiva, correlacionadas;
·         Regras de jogo unitárias e obrigatórias;
·         Presença obrigatória de arbitragem;
·         Limitação da duração de jogo, em tempo ou em objetivos definidos, como pontos ou sets;
·         Existência de técnicas e táticas específicas;
·         Caráter organizado de competições;
·         Organização da atividade nacional e internacional.
·         Existência de teorias e práticas gerais e específicas, no que dizem respeito à técnica, tática, treinamento e suas metodologias;
·         Existência do espetáculo desportivos.

Assim, como o autor supracitado concebe os JDC há clareza sobre a relação direta e interligada entre aspectos técnicos de cada modalidade (o como fazer) e as esferas táticas de cada momento acontecimental em espaço de tempo curto como o futsal ( o que fazer, de forma consciente). O futsal, segundo professores da Universidade do Porto, Julio garganta e Rui Amaral “parece afastar-se cada vez mais da modalidade que lhe deu origem – o Futebol – conquistando espaço próprio do universo dos jogos desportivos coletivos (JDC).”
A caracterização dos JDC como atividade de complexa de atuação por parte dos atletas e suas equipes in momentum do jogo, onde há a necessidade de resolver os problemas do mesmo acarreta em solicitação de capacidade do indivíduo em recepcionar de forma excelente às informações advindas do ambiente de jogo (leitura de jogo), elaborar planos mentais de solução e executar de forma eficiente, mesmo sabendo que as informações são aleatórias, imprevisíveis e mutantes. Garganta, segundo Scaglia,  cita que

Por essa razão, as situações que surgem no contexto dos JD devem ser entendidas como encadeamentos de unidades de ação que possuem uma natureza complexa, decorrente não apenas do número de variáveis em jogo, mas também da imprevisibilidade e aleatoriedade das situações que se apresentam aos jogadores.

As equipes de futsal assim como de outros desportos coletivos (voleibol, futebol americano, handebol, basquetebol e outros) apresentam Modelos de Jogo (MJ) definidos por seus treinadores de acordo com princípios norteadores do mesmo e sub-princípios os quais fundamentam e dão alicerce coletivo aos atletas. Portanto vê-se uma estrutura de jogo previsível. No entanto, o “caos consciente”, inerente as ações individuais dos atletas, concede ao jogo uma esfera de imprevisibilidade ao mesmo, o qual o atleta deverá atuar de forma inteligente a esta variabilidade de ações existentes para poder ter sucesso ou vantagem nas mesmas. Neste momento as capacidades cognitivas dos atletas, desenvolvidas em treinamento, serão requisitadas tais como modelo de Tomada de Decisão de  Greco adaptado.


Fig: Modelo de Tomada de Decisão Tática em esportes coletivos adaptado de Greco
Fonte: GRECO, 1999, p.126, apud SANTANA, 2008, p

Referências:

BALBINO, Hermes Ferreira. Pedagogia do Treinamento: métodos, procedimentos pedagógicos e as múltiplas competeências do técnico nos jogos desportivos coletivos. Campinas: 2005.

GARAGANTA, Julio; AMARAL, Rui. A modelação do jogo em Futsal. Análise seqüencial do 1 x 1 no processo ofensivo. Universidade do Porto. Faculdade de Desporto. Porto.

SANTANA, Wilton Carlos de. A visão estratégico-tática de técnicos campeões da Liga Nacional de Futsal. Campinas: 2008, p. 132.